12º Regresso (ou errar. Ou o tempo)
Hoje choveu e eu venho
(o rádio com o som muito alto para esta hora da noite em que ninguém (me) ouve)
a acelerar na estrada que
(me lembre)
nunca fizemos juntos. Acelero com o som. Como quem quer mesmo derrapar
(outra vez).
E cheira bem lá fora. Como antes.
(hoje choveu)
e então abro a janela e acelero mais como quem
(se)
quer enganar
(que estrada é esta?)
o tempo. E eu venho a lembrar-me de ti. Do teu nariz
(lugar feliz)
na curva do meu pescoço. Do mar pequeno que havia ao fundo da tua varanda
(cheirava bem)
e do modo com que morríamos um no outro. Hoje choveu e eu carrego no acelerador como quem declara a
(tua)
ausência
de malmequeres
(amarelos)
ou de camélias
(azuis).
E eu venho do deserto dentro, a lembrar-me de ti, à espera que anuncies
(cativa-me)
que afinal não errámos. Que se eu acelerar muito, afinal
(alto, ao ritmo do som)
ainda te apanho certo no tempo
(pontual, como as estrelas)
com a cadeira ligeiramente desviada para que seja fácil sentar-me
(contigo)
outra vez na tua varanda com o mar
(pequeno)
e com a quietude dos que acertaram sempre. E eu venho
(hoje choveu)
a lembrar-me destas coisas que me fazem
(não)
esquecer
(os erros)
o tempo.
(o rádio com o som muito alto para esta hora da noite em que ninguém (me) ouve)
a acelerar na estrada que
(me lembre)
nunca fizemos juntos. Acelero com o som. Como quem quer mesmo derrapar
(outra vez).
E cheira bem lá fora. Como antes.
(hoje choveu)
e então abro a janela e acelero mais como quem
(se)
quer enganar
(que estrada é esta?)
o tempo. E eu venho a lembrar-me de ti. Do teu nariz
(lugar feliz)
na curva do meu pescoço. Do mar pequeno que havia ao fundo da tua varanda
(cheirava bem)
e do modo com que morríamos um no outro. Hoje choveu e eu carrego no acelerador como quem declara a
(tua)
ausência
de malmequeres
(amarelos)
ou de camélias
(azuis).
E eu venho do deserto dentro, a lembrar-me de ti, à espera que anuncies
(cativa-me)
que afinal não errámos. Que se eu acelerar muito, afinal
(alto, ao ritmo do som)
ainda te apanho certo no tempo
(pontual, como as estrelas)
com a cadeira ligeiramente desviada para que seja fácil sentar-me
(contigo)
outra vez na tua varanda com o mar
(pequeno)
e com a quietude dos que acertaram sempre. E eu venho
(hoje choveu)
a lembrar-me destas coisas que me fazem
(não)
esquecer
(os erros)
o tempo.
2 Comments:
As always, so profoundly beautiful, so profoundly intimate, so profoundly simple and yet...so profoundly complicated....
Thank you,
Melly
And you, Melly, you are always so profoundly nice.
Thank you
Saudades
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