Sunday, May 13, 2007

12º Regresso (ou errar. Ou o tempo)

Hoje choveu e eu venho

(o rádio com o som muito alto para esta hora da noite em que ninguém (me) ouve)

a acelerar na estrada que

(me lembre)

nunca fizemos juntos. Acelero com o som. Como quem quer mesmo derrapar

(outra vez).

E cheira bem lá fora. Como antes.

(hoje choveu)

e então abro a janela e acelero mais como quem

(se)

quer enganar


(que estrada é esta?)

o tempo. E eu venho a lembrar-me de ti. Do teu nariz

(lugar feliz)

na curva do meu pescoço. Do mar pequeno que havia ao fundo da tua varanda

(cheirava bem)

e do modo com que morríamos um no outro. Hoje choveu e eu carrego no acelerador como quem declara a

(tua)

ausência

de malmequeres


(amarelos)

ou de camélias

(azuis).

E eu venho do deserto dentro, a lembrar-me de ti, à espera que anuncies

(cativa-me)

que afinal não errámos. Que se eu acelerar muito, afinal

(alto, ao ritmo do som)

ainda te apanho certo no tempo

(pontual, como as estrelas)

com a cadeira ligeiramente desviada para que seja fácil sentar-me

(contigo)

outra vez na tua varanda com o mar

(pequeno)

e com a quietude dos que acertaram sempre. E eu venho

(hoje choveu)

a lembrar-me destas coisas que me fazem

(não)

esquecer

(os erros)

o tempo.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

As always, so profoundly beautiful, so profoundly intimate, so profoundly simple and yet...so profoundly complicated....

Thank you,

Melly

13/5/07 11:54 AM  
Blogger Elisa said...

And you, Melly, you are always so profoundly nice.
Thank you
Saudades

13/5/07 7:12 PM  

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