1º Regresso (ou onde se conta uma história. De uma mulher sem talento. E de um homem que nunca a quis)
Digamos que nunca me quiseste. De verdade. Nunca me olhaste nos olhos de modo a que se visse que me querias. Tentaste agarrar-me uma ou duas vezes na mão. E não percebi. Para que daria eu a mão a um homem que, digamos, nunca me quis? Fodeste-me muitas vezes. E eu quis. Ou eu deixei. Ou eu já não sei. Fodemos, pronto! Sim, não te irrites Jorge. Sabemos que não tenho talento para nada. Quanto mais para construir frases com jeito! Não tenho talento para me pintar. Nem para me vestir como as tipas para quem olhas embasbacado e completamente parvo. Essas com madeixas loiras no cabelo, cintos dourados, barrigas à mostra e saltos agulha. Ah! E a roupa toda muito justa. Parece que vai saltar sempre qualquer coisa daquela roupa. Acho que é disso que gostas, Jorge! Dessa coisa que vai saltar lá de dentro e que, apesar de saberes, nunca sabes bem o que é. Mas eu nunca tive talento para me arranjar assim. Eu detesto roupa apertada e só de pensar em saltos altos começo a ver tudo a andar à roda. E esta náusea. As vertigens. Pois.
Digamos que nunca soube por que raio me querias foder precisamente a mim. A mim, a tipa mais vulgar que alguma vez tiveste. Quero dizer, Jorge, a tipa mais vulgar pelo menos pelo que me contas das outras. Das que tiveste antes de mim. Ou durante. Já não digo nada. Não te irrites Jorge! Está bem. Não tiveste mais nenhuma desde que me andas a comer. Ó pá! Pronto! Só comes uma gaja de cada vez. Está bem. Tu não te irrites que para irritações já basta o que basta. Pois. A tua mãe no hospital. A tua ex-mulher que te faz a vida negra. O teu filho adolescente a fumar charros. Sim. Pois. Como se tu não os fumasses, Jorge! Deixa o puto, logo lhe passa. Bem, a ti não te passou. Sim, é só de vez em quando. Sim, eu também os fumo às vezes. Está bem. Sim, nós somos adultos Jorge. Sim, ele é um puto. Ó pá, está bem. Não te chateies que eu só quero falar contigo. Para quê? Ora, para quê?! Digamos que para te dizer que eu sei que tu nunca me quiseste. E que eu estou farta que não me queiras. E que me comas por desfastio. Ou porque as loiras falsas e boazonas não te ligam peva. Essa é que é essa, Jorge. Quem? A Marília da administração? Essa vaca! Não me admira que essa puta te faça olhinhos. Faz olhinhos a qualquer um. Bom, adiante, Jorge, que eu ainda tenho roupa para passar e queria ver se, ao menos, cortava as unhas dos pés hoje. Se podes passar cá? Para quê Jorge? Para eu te arranhar com as unhas dos pés, enquanto te faço o quê?!? Porco. Só pensas em porcarias. Nunca me olhaste nos olhos de modo a que se visse que me querias e ainda queres que te arranhe enquanto te faço isso!??! E mais o quê?!? Que te faça mais o quê?!? Pois, disso gostas tu meu cabrão! Agora de mim, de mim, que tenho tanta roupa para passar e as unhas dos pés de um tamanho que nem queiras saber, de mim... nem sequer sabes de que cor são os meus olhos! Verdes? Verdes!???? Verdes são os olhos da puta da Marília, meu porcalhão. Aposto que para ela já olhaste como que a dizer-lhe que a querias. Pois fica sabendo que comigo acabou. Era o que te queria dizer desde que a conversa começou. Acabou! Não te quero ver mais! Não insistas, Jorge. Ver-te para quê? Para estares a pensar na Marília enquanto te vens? Para estares a pensar nas mamas da Marília, no cu da Marília, nas unhas enormes e pintadas de roxo da Marília? Nem penses! Quero que te fodas, meu grande animal! Fodes mas é comigo?!? Para isso era preciso que eu quisesse, não achas? E eu não quero mais. Acabou-se! Não, não vou ter saudades. Não, não quero saber que venhas para aqui para a porta fazer chinfrim! Faz o que quiseres. Gajos como tu há aos pontapés, estúpido! Gajos como tu, como eu todos os dias ao pequeno almoço, imbecil de merda. Ora bem! Essa é que é essa! Gajos como tu, assim tão ordinários, tão porcos, tão cabrões, tão estúpidos, tão imbecis, tenho eu quantos queira! Ah pois! Apesar de não ter mamas, nem cu, nem os olhos verdes, nem as unhas pintadas de roxo como as dessa cabra que te faz olhinhos! Gajos como tu, assim tão porcos, tão cabrões, tão ordinários, gajos que me dão uma tusa do caraças, gajos que me fodem como tu... ó pá, assim como tu... tenho eu às pazadas... pois... sim... não... ó pá, não sei... olha, a que horas podes passar cá, afinal? É que eu tenho a roupa para passar ainda e as unhas... e... sim, sim. Está bem. Quando quiseres, então. Sim. Espero por ti. Está bem, eu não corto as unhas. Sim... e posso pôr aquele vestido justo que me deste nos anos. Está bem... e os sapatos de salto alto que me ofereceste no Natal. Sim e pinto as unhas de vermelho. Sim, querido, mas vem já então, que se foda a roupa para passar... passo amanhã. Pronto.
Digamos que nunca soube por que raio me querias foder precisamente a mim. A mim, a tipa mais vulgar que alguma vez tiveste. Quero dizer, Jorge, a tipa mais vulgar pelo menos pelo que me contas das outras. Das que tiveste antes de mim. Ou durante. Já não digo nada. Não te irrites Jorge! Está bem. Não tiveste mais nenhuma desde que me andas a comer. Ó pá! Pronto! Só comes uma gaja de cada vez. Está bem. Tu não te irrites que para irritações já basta o que basta. Pois. A tua mãe no hospital. A tua ex-mulher que te faz a vida negra. O teu filho adolescente a fumar charros. Sim. Pois. Como se tu não os fumasses, Jorge! Deixa o puto, logo lhe passa. Bem, a ti não te passou. Sim, é só de vez em quando. Sim, eu também os fumo às vezes. Está bem. Sim, nós somos adultos Jorge. Sim, ele é um puto. Ó pá, está bem. Não te chateies que eu só quero falar contigo. Para quê? Ora, para quê?! Digamos que para te dizer que eu sei que tu nunca me quiseste. E que eu estou farta que não me queiras. E que me comas por desfastio. Ou porque as loiras falsas e boazonas não te ligam peva. Essa é que é essa, Jorge. Quem? A Marília da administração? Essa vaca! Não me admira que essa puta te faça olhinhos. Faz olhinhos a qualquer um. Bom, adiante, Jorge, que eu ainda tenho roupa para passar e queria ver se, ao menos, cortava as unhas dos pés hoje. Se podes passar cá? Para quê Jorge? Para eu te arranhar com as unhas dos pés, enquanto te faço o quê?!? Porco. Só pensas em porcarias. Nunca me olhaste nos olhos de modo a que se visse que me querias e ainda queres que te arranhe enquanto te faço isso!??! E mais o quê?!? Que te faça mais o quê?!? Pois, disso gostas tu meu cabrão! Agora de mim, de mim, que tenho tanta roupa para passar e as unhas dos pés de um tamanho que nem queiras saber, de mim... nem sequer sabes de que cor são os meus olhos! Verdes? Verdes!???? Verdes são os olhos da puta da Marília, meu porcalhão. Aposto que para ela já olhaste como que a dizer-lhe que a querias. Pois fica sabendo que comigo acabou. Era o que te queria dizer desde que a conversa começou. Acabou! Não te quero ver mais! Não insistas, Jorge. Ver-te para quê? Para estares a pensar na Marília enquanto te vens? Para estares a pensar nas mamas da Marília, no cu da Marília, nas unhas enormes e pintadas de roxo da Marília? Nem penses! Quero que te fodas, meu grande animal! Fodes mas é comigo?!? Para isso era preciso que eu quisesse, não achas? E eu não quero mais. Acabou-se! Não, não vou ter saudades. Não, não quero saber que venhas para aqui para a porta fazer chinfrim! Faz o que quiseres. Gajos como tu há aos pontapés, estúpido! Gajos como tu, como eu todos os dias ao pequeno almoço, imbecil de merda. Ora bem! Essa é que é essa! Gajos como tu, assim tão ordinários, tão porcos, tão cabrões, tão estúpidos, tão imbecis, tenho eu quantos queira! Ah pois! Apesar de não ter mamas, nem cu, nem os olhos verdes, nem as unhas pintadas de roxo como as dessa cabra que te faz olhinhos! Gajos como tu, assim tão porcos, tão cabrões, tão ordinários, gajos que me dão uma tusa do caraças, gajos que me fodem como tu... ó pá, assim como tu... tenho eu às pazadas... pois... sim... não... ó pá, não sei... olha, a que horas podes passar cá, afinal? É que eu tenho a roupa para passar ainda e as unhas... e... sim, sim. Está bem. Quando quiseres, então. Sim. Espero por ti. Está bem, eu não corto as unhas. Sim... e posso pôr aquele vestido justo que me deste nos anos. Está bem... e os sapatos de salto alto que me ofereceste no Natal. Sim e pinto as unhas de vermelho. Sim, querido, mas vem já então, que se foda a roupa para passar... passo amanhã. Pronto.
4 Comments:
Ás vezes passa-se por aí...quando falta amor próprio, quando o desespero é tanto que se tem alguma coisa porque naqueles momentos está-se lá. Não são tempos de boa memória.
Hum... talvez não sejam, de facto.
Que pena não haver uns smileys assim daqueles com olhar esgazeado e outros de boca aberta do queixo à testa para postar aqui :D
ó Elisa, tu estás bem rapariga?
Estavas a fumar kief no portátil?
Hum... estou óptima. Eheheh. Ora que raio de pergunta...
Post a Comment
<< Home